É possível que uma criança, mesmo com os órgãos que compõem o sistema auditivo periférico (orelha externa, média e interna) totalmente preservados, ainda tenha problemas de audição. É o caso do Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), que ocorre quando o cérebro tem dificuldade em compreender os sons. Na escola, isso pode levar a dificuldades de concentração,memorização, aprendizagem, leitura, escrita e também troca de fonemas.
O processo de aprendizado depende em sua grande parte da audição. Por isso, geralmente, é na escola, que surgem os primeiros sinais do problema. “O baixo rendimento escolar é um dos sintomas do TPAC. Os pais e professores devem ficar atentos à distração ou desatenção, dificuldades de memória, agitação, demora em escutar quando é chamado, piora da compreensão em ambientes ruidosos ou dificuldades em localizar som”, explica Jasmin Guzman, fonoaudióloga do Ceol Otorrino.
O transtorno pode atingir uma ou várias habilidades auditivas, em diferentes graus. As mais afetadas costumam ser as relacionadas com as funções de decodificação (entender o que se ouve), codificação (construir uma informação com base no que se ouviu), memória auditiva e prosódia (capacidade de entender o duplo sentido das palavras). “É importante que se procure um especialista sempre que haja queixa relacionada à linguagem, fala, aprendizado e compreensão”, reforça a Fonoaudióloga.
Diagnóstico precoce favorece tratamento
Nos mais jovens, é de extrema importância que o diagnóstico seja efetuado o quanto antes, para que as sequelas no aprendizado escolar sejam superadas mais facilmente. “Sempre que houver uma queixa associada à audição, linguagem e dificuldades escolares deve-se, primeiramente, avaliar a audição periférica através de avaliação otorrinolaringológica e realização de audiometria tonal, vocal e imitanciometria. E em seguida, caso a avaliação audiológica básica não justifique as queixas do paciente, deve-se realizar a avaliação do PAC”, reforça a especialista.
O cérebro humano tem, principalmente durante a infância, uma grande flexibilidade em seu
desenvolvimento, o que é chamado de plasticidade neural. “Os pais podem prevenir o TPAC através de estimulação da audição, conversando, ouvindo e dando importância aos avanços da criança. Caso haja alguma suspeita de alteração na audição, procure um otorrinolaringologista para que seja realizada a avaliação audiológica e se confirmada alguma alteração auditiva, esta seja tratada ou reabilitada o quanto antes”, conclui.
Saiba mais
O sistema auditivo é composto pelo sistema auditivo periférico e sistema auditivo central. Entenda o papel de cada um e como eles se complementam:
Sistema auditivo periférico:
Um conjunto de órgãos que são responsáveis pela captação, amplificação, e transmissão do som. É composto pelas três orelhas (externa, média e interna).
Sistema auditivo central:
Composto por vias e nervos auditivos que levam a informação sonora para o cérebro, o qual irá interpretar essa informação e fazer com que a pessoa entenda o que está ouvindo.