A uvulopalatofaringoplastia é uma cirurgia realizada em pessoas portadoras de distúrbios do sono quando existe obstrução na faringe (excesso de úvula e de palato mole, com ou sem hipertrofia das amígdalas palatinas). Pode ser associada a outros procedimentos nasais, da boca e da faringe.
As queixas mais freqüentes são roncos, acordar durante a noite sufocado, taquicardia, arritmias (alterações nos batimentos cardíacos), alteração da pressão arterial, sonolência diurna, irritabilidade, esquecimento e falta de concentração.
Indicações
As indicações cirúrgicas são quando existe ronco e/ou apnéias noturnas (paradas respiratórias por mais de 10 segundos) repetitivas durante o sono, as quais, em casos extremos, podem levar a desenvolvimento de cor pulmonale (dilatação das câmaras direitas do coração por esforço respiratório) e até à morte. Algumas vezes a cirurgia também é indicada quando o ronco passa a dificultar o convívio com outras pessoas.
Cirurgia
A cirurgia é realizada com anestesia geral. Em geral, os pacientes necessitam ficar internados por 2 ou 3 dias, a fim de se recuperar bem do ato anestésico e da cirurgia em si, a qual causa dor de intensidade moderada a intensa no pós-operatório.
Não há nenhuma incisão (corte) na face e/ou no pescoço, sendo a cirurgia realizada totalmente por via oral (por dentro da boca).
Dependendo do caso, os pacientes podem ser submetidos também a adenoidectomia e/ou septoplastia e/ou turbinectomia inferior parcial bilateral e necessitarão de tampão para evitar sangramentos após a cirurgia, sendo que o mesmo é colocado por dentro do nariz e permanece por 1 a 3 dias, quando é retirado.
Também poderão ser realizados intervenções com o uso de bisturi elétrico de alta freqüência (CAUP), laser (LAUP), além de procedimentos que envolvam ressecção de base de língua e/ou esqueléticas (avanço do músculo genioglosso, cirurgia sobre a mandíbula e/ou maxila), depende do caso. Nos casos de LAUP ou CAUP, a cirurgia também pode ser realizada com anestesia local.
Orientações pós-operatórias
Primeiro dia
Dieta líquida e fria. Oferecer leite, sorvete (sem pedaços), sucos de fruta (com exceção dos sucos cítricos), gelatina, caldos, etc.
Segundo dia
Beber vários copos de água e adicionar comidas leves líquidas ou pastosas como por exemplo: ”papinhas”, sopas batidas no liqüidificador, pudim, purê de batata, purê de vegetais, etc.
Sétimo dia em diante
Gradualmente retornar à dieta normal mas evitando comidas picantes ou muito temperadas, batata frita, amendoim, torradas, pipoca e bolachas até 1 a 2 semanas após a cirurgia.
Instruções gerais
- Deve-se permanecer dentro de casa e em descanso relativo por 3 dias.
- Deve-se evitar tossir com freqüência e limpar a garganta.
- Mau hálito é freqüente e pode ser evitado ingerindo bastante água e fazendo gargarejos com água pura ou misturada com soluções anti-sépticas(como por exemplo Cepacol, Plax, Listerine, etc)
- Uma membrana branca ou acinzentada aparecerá na garganta, é normal e deve desaparecer em uma ou 2 semanas
- Dor de ouvido ou febre baixa são esperados
- O retorno ao trabalho pode ocorrer em 1 semana
- Não usar aspirinas por 2 semanas pois aumenta o risco de sangramento
Sangramento
Sangramento em pequena quantidade no primeiro dia é normal. Sangramentos em grandes quantidades devem ser informados ao médico.
Em aproximadamente 2% dos pacientes ocorre um sangramento em pequena quantidade após 6 a 8 dias da cirurgia, sendo normal e geralmente cessa espontaneamente. Caso aconteça permaneça em repouso, deitado e jogue o sangue para fora da boca sem fazer muita força e faça gargarejos com água gelada .Se o sangramento não cessar prontamente entre em contato com seu médico. Se o seu médico não puder ser encontrado e o sangramento persistir dirija-se ao pronto socorro mais próximo.Retorno
Marcar um retorno em aproximadamente 1 semana.
Riscos e complicações:
- Febre e dor: dores de garganta muito acentuadas (necessitando de analgésicos potentes) ou dor referida na área do ouvido ocorrem normalmente e cedem em 10 a 20 dias. A febre pode ocorrer nos primeiros 3 dias após a cirurgia, sendo facilmente controlada.
- Mau-hálito: é comum ocorrer e cede em 10 a 20 dias
- Vômitos: podem ocorrer algumas vezes, no dia da cirurgia, sendo constituídos de sangue coagulado (escuro,”pisado”).
- Hemorragia (sangramento): representa o maior risco desta cirurgia, podendo ocorrer até 10 dias após a cirurgia, sendo mais freqüente em menor volume e, menos freqüente, em grande volume, podendo até levar à reintervenção cirúrgica sob anestesia geral e transfusão sanguínea. Em casos extremos, pode ser necessária a ligadura de vasos do pescoço e/ou embolização. A morte por hemorragia é extremamente rara.
- Infecção: pode ocorrer na região operada, causada por bactérias habituais da faringe e, geralmente, regride sem antibióticos. Entretanto, em casos raros, podemos ter evolução para abscessos e infecções sistêmicas, necessitando antibioticoterapia e drenagem cirúrgica.
- Voz anasalada e refluxo de líquidos: podem ocorrer nos primeiros dias ou semanas, desaparecendo espontaneamente. Em casos raros pode ser persistente, necessitando de fonoterapia ou mesmo cirurgia (faringoplastia).
- Dificuldade respiratória: pode ocorrer no pós-operatório imediato, em decorrência do edema da região operada e, em casos graves ou associada a hemorragia, pode exigir a realização de traqueostomia.
- Persistência das queixas: pode ocorrer (não é o comum) quando existe associação de causas centrais ou outras causas periféricas (hipertrofia de base de língua, anomalias de mandíbula, dentre outras), ou quando a ressecção foi mais econômica do que o caso requeria. Isto ocorre porque o cirurgião normalmente tem dificuldade em determinar exatamente o quanto retirar destas estruturas excedentes. Nesses casos é mais seguro optar por ser mais restrito na ressecção, embora sabendo que tal prudência poderá levara nova cirurgia, alguns meses depois.
Conclusões
A uvulopalatofaringoplastia é uma opção cirúrgica para o tratamento de pacientes portadores de ronco e síndrome da apnéia obstrutiva do sono e , em geral, tem bons resultados.
Em alguns casos, procedimentos subseqüentes podem ser necessários para a resolução da apnéia e dos roncos, tais como uso de aparelhos dentários e/ou máscaras de pressão positiva.
Fontes: Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e Instituto do Sono de Curitiba